Equador 23F: o correismo ficou sem festa

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Quinta, 13 Março 2014 09:49


130314 derrotaEquador - Primeira Linha - [Karla Calapaqui] Rafael Correa sempre tem estado em campanha desde que assumiu o poder em 2007. A desproporcional verba no Orçamento do Estado destinada a propaganda ultrapassou prioridades como a agricultura, a vivenda, etc.

Nas eleiçons de 17 de fevereiro de 2013, foi evidente o triunfo de Correa e a sua maioria no legislativo. A campanha seguiu da mao da prepotência e o autoritarismo, apresentou-se invencível e arrogante, sobretodo porque no alvo estavam as próximas eleiçons secionais.

Nem a um ano do seu triunfo eleitoral de 2013, iniciou o processo para as eleiçons dos governos autónomos descentralizados, GADs. Os candidatos de Alianza País impugérom-se arbitrariamente, familiares dos seus fiéis servidores e outros reciclados da chamada partitocracia, provocando fisuras internas e o descontentamento no movimento do governo.
Equador pintou-se de cor verdeflex, respirava-se um ar abafante nom só pola "governabilidade" imposta com leis repressivas e reacionárias, como também pola quantidade de propaganda do partido de governo Alianza País, que tanto antes, durante como depois, violou o Código da Democracia e a própria Constituiçom da República.
Cada bairro, vila ou cidade por mais pequena que fosse, estivo inundada de verdeflex. Havia nalguns casos mais faixas e gigantografias que habitantes. O bombardeamento propagandístico chegou a todos os meios de comunicaçom, de forma ilegal autorizou-se a promoçom de obras de governo, o presidente utilizou cadeias para promocionar os seus candidatos, percorrendo o país e abusando dos recursos públicos com a vénia do Conselho Nacional Eleitoral, CNE.
Correa suplantou os seus candidatos, desde os prefeitos ou alcaides até os membros de juntas paroquiais. A palavra de ordem era "quem vota polo candidato X vota por Rafael Correa", cada candidato de AP promocionava a sua foto abraçado com o presidente, como quem abraça a um santo. Mas o local superou-no e passou-lhe fatura. Rafael Correa nom tivo um governo autónomo descentralizado (Gad) para mostrá-lo à populaçom. Ao contrário, fôrom as péssimas administraçons de AP: impostos elevados, multas excessivas, repressom, falta de obras, etc, que gerárom o descontentamento da populaçom, e sobretodo em Quito foi posto em evidência.
No meio da campanha, Correa suspendeu o seu percurso nacional para ir na defesa da capital que estava a ser arrebatada por outro setor da direita, polo candidato Mauricio Rodas do movimiento SUMA. De imediato reduzírom as multas e suprimírom as portagens. A desesperaçom foi tal, que Correa começou a percorrer os bairros de Quito, "pedindo por favor votar no seu candidato Augusto Barrera". Os quitenhos dixérom nom a umha gestom incapaz de solucionar os problemas da cidade, dixérom nom ao candidato Correa, nom surtírom efeito as cartas do presidente face a sua militáncia e os quitenhos solicitando o voto polo seu candidato à alcaldia de Quito, nem as ameaças de renúncia se nom o faziam, diluindo-se os seus discursos de suposta desestabilizaçom do governo, de complot internacional, etc., foi o presidente, o candidato a Alcaide, e perdeu.
O centro político do Equador é Quito, daí que a viragem do eleitorado tivo a sua influência em todo o país. Mas a votaçom a favor de Rodas, o candidato ganhador à Alcaldia de Quito, nom é na sua maioria um apoio, mas antes um cansaço por umha prática autoritária do poder.
Este 23 de fevereiro, Rafael Correa foi derrotado. Um voto de castigo por mor da prepotência e o autoritarismo, da criminalizaçom do protesto, a violaçom dos DDHH, a política extrativista, a exploraçom do Yasuní, os despedimentos, o Código Penal punitivo, a perseguiçom política. Eis alguns casos: Clever Jiménez, Mery Zamora, os 10 de Luluncoto, Pepe Acacho, Fernando Villavicencio, Martha Roldós, Carlos Figueroa, o caricaturista Bonil, os presos políticos, os professores Xavier Cajilema, Paúl Jácome e o dirigente estudantil Edwin Lasluisa.
No Equador após 23F há outro ar, como que se pode respirar melhor, mas nom é suficiente. Há umha nova correlaçom de forças, embora a direita representada polo correismo perdeu nas principais capitais de província, outro setor da direita recupera terreno e alça-se com as alcaldias de Guayaquil, Machala polo PSC, Santo Domingo de los Tsáchilas, Quito, Portoviejo, Guaranda por SUMA; Latacunga, Ibarra e Ambato por AVANZA (social-democracia, próximo ao governo), entre as mais importantes.
A esquerda polo seu lado consegue importantes triunfos embora tenha sido o alvo principal de ataques do governo correista. O MPD mantém a prefeitura de Esmeraldas, nas províncias de Morona Santiago e Orellana com Pachakutik, em Cotopaxi e Zamora Chinchipe pola unidade MPD-PK e o movimiento Participa em Azuay. Ademais, o MPD e PK conseguírom representaçom em vários cantons provinciais. Rafael Correa perdeu o que eram os seus bastions eleitorais: Azuay, Imbabura, Manabí, Quito, El Oro e os seus redutos.
Das 10 cidades com maior populaçom, apenas ganhou em Durán. Das 24 capitais de província, perdeu em 20. Das 23 prefeituras e viceprefeituras provinciais perdeu em 14.
Os resultados eleitorais destas eleiçons permitem entrever que se quebrou o mito da invencibilidade de Correa. A derrota é geral, perdeu em todo, todinho o país, ficárom sem festa e sem tarimazo bailável, as caras longas e de perplexos do seu gabinete ministerial e os seus colaboradores dizia todo. Mália as cifras, o Presidente teimudamente insiste em nom reconhecer a sua derrota e apela aos seus opositores de direita à mesa, fustiga a esquerda, reclama ao seu próprio movimento deixar de lado o sectarismo sob ameaça de abandonar a AP, na sua birrinha retoma a reeleiçom indefinida, quando os seus assembleistas preparam reformas constitucionais nesse sentido, enfim, cólera dum aprendiz de ditador. Estes resultados significam que já nom som a força hegemónica.
Nom há dúvida que temos um novo cenário político no país, que introduz elementos ideológicos importantes, um cenário favorável para recuperar o direito à resistência e a vigência dos direitos humanos no Equador. A Unidade das esquerdas tem um repto importante, ser a alternativa!
Karla Calapaqui é a Coordenadora Nacional do MPD

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